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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Batalhando pela segurança eterna dos santos

A pergunta que nunca se cala: O crente pode perder a salvação? Essa questão inquieta teólogos e cristãos não acadêmicos de diversas denominações. Enquanto alguns se agarram nas promessas de Jesus: “ninguém as arrebatará das minhas mãos” (Jo 10.28); outros lutam para cumprir as advertências do próprio Cristo: “quem perseverar até o fim será salvo” (Mc 13.13).
Nos deteremos à posição reformada apenas: a posição de que o crente não perde a salvação. Porém, dentro da posição reformada existe divergência entre os teólogos acerca do significado das advertências. Para limitarmos nosso estudo, focaremos em apenas uma das posições e a defenderemos como posição mais coerente na interpretação das Escrituras.

Um estudo do caso
O Novo Testamento trata de alguns casos em que há uma afirmação acerca da salvação das pessoas envolvidas. Dois deles são exemplos clássicos: Pedro e Judas. Jesus estava reunido com seus discípulos em seus últimos momentos e em sua oração por eles, Jesus afirmou:
Enquanto eu estava com eles, eu os guardei e os preservei no teu nome que me deste. Nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. - João 17.12

Jesus afirmou categoricamente que Judas não fora guardado por ele para que a Escritura se cumprisse. Uma dura verdade. Mas, a salvação dos discípulos, assim como a nossa, dependia exclusivamente da preservação de Jesus. Ainda no mesmo período de tempo desta afirmação de Jesus, o Mestre previu a traição de Pedro:
Simão, Simão, Satanás vos pediu para peneirá-lo como trigo; mas eu roguei por ti, para que tua fé não esmoreça; e quando te converteres, fortalece teus irmãos. Pedro lhe disse: Senhor, estou pronto para ir contigo tanto para a prisão como para a morte. Disse-lhe Jesus: Pedro, eu te digo que o galo não cantará hoje antes que tenhas negado três vezes que me conheces.” - Lucas 22.31-34

Observe que Jesus impediu Satanás de tirar-lhe a fé. Jesus o preservou. Porém, no que dependia de Pedro, ele trairia Jesus. No entanto, Jesus afirmou que Pedro seria restaurado (QUANDO te converteres e não SE te converteres). Jesus preservou a fé final (a perseverança) dos seus discípulos, assim como faz conosco, mesmo em meio às suas quedas momentâneas.
“Minha confiança em ser preservado, não consiste na minha habilidade em preservar, mas minha confiança repousa no poder de Cristo em sustentar-me em sua graça e em sua intercessão por nós”¹ - R.C. Sproul

2. As advertências do Evangelho:
Como podemos entender as advertências do Evangelho, então? Claramente na Escritura há um chamado a examinarmos se estamos ou não em Cristo:
Examinai a vós mesmos, para ver se estais na fé. Provai a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? A não ser que já estais reprovados.”- 2 Coríntios 13.5

Em nosso ponto de vista esta questão facilmente se resolve quando entendemos o texto de Hebreus 6.4-9. Esse texto, embora muito disputado, pode ser esclarecido com o contexto da carta:
Porque temos nos tornado participantes de Cristo, se mantivermos a nossa confiança inicial firme até o fim.”- Hebreus 3.14

Entendemos que esse versículo elucida que os verdadeiros crentes são aqueles que permanecem até o fim em sua “confiança inicial”. São aqueles que professaram sua fé em Jesus e a conservaram até o fim. A Manutenção da confiança inicial até o fim é prova de que temos nos tornado participantes de Cristo.
Tendo este texto em mente, entendemos o texto de Hebreus 6.4-9:
Ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública. Pois a terra que absorve a chuva, que cai frequentemente e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada. Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação.”

Entendemos que as pessoas das quais falam os versículos, provaram mas não “nasceram de novo” (Jo 3) de fato. Elas conheceram as verdades do Evangelho, e até foram influenciadas por ele, mas não são filhos de Deus (Jo 1.12). Elas se tornaram participantes ao serem apenas companheiras de caminhada, assim como haviam companheiros do povo que saiu do Egito, porém não entraram na terra prometida² (1 Cor 10.1-13). Assim, elas chegaram até a mudar certos hábitos pecaminosos, mas nunca foram regeneradas pelo Espírito Santo (Tt3.4-7).

Wayne Grudem elucida muito bem esta explicação com a seguinte ideia:
“Portanto, o autor quer fazer um grave alerta àqueles em perigo de cair da fé cristã (pressupondo que na comunidade da carta haja não regenerados). Ele quer usar a linguagem mais forte possível para dizer: ‘vejam aqui até onde a pessoa pode chegar na experiência das bênçãos temporárias, sem, no entanto, realmente estar salva’. Ele os exorta a vigiar, pois não basta depender de bênçãos e experiências temporárias. Para isso, ele fala não de uma verdadeira mudança no coração ou de algum bom fruto, mas simplesmente das bênçãos e experiências temporárias que essas pessoas tiveram e que lhes deram uma compreensão parcial do cristianismo.”³

A parábola do semeador (Mt 13.1-23) deixa bem claro a possibilidade de que na comunidade da fé exista aqueles que não são verdadeiros cristãos. A parábola afirma que em alguns dos solos houve uma “germinação”, porém não se sustiveram. Entendemos que o “solo bom” é o coração genuinamente trabalhado pelo Espírito Santo, para que possa produzir os “resultados” do Evangelho (Jo 16.7-11). Ou seja, os verdadeiros crentes permanecem:
Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos, pois se fossem dos nossos teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram, para que se manifestasse que não eram dos nossos.”- 1 João 2.19

Por fim, embora tenhamos a segurança da salvação prometida com toda a expressão possível no Novo Testamento (Jo 10.27-29; Rm 8; Ef 1.13-14; 1 Pd 1.5; Jd 24,25; etc.), não somos chamados a uma “preguiça espiritual”. Somos convidados por Jesus e os apóstolos a perseverarmos. Somos convidados a batalhar pela nossa fé na esperança confiante de que Deus vencerá por nós e nos guardará até o fim.
Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.” - Filipenses 2.12,13


Fontes:
[1] R.C. Sproul. Disponível em: O que é teologia reformada? (DVD – Fiel)
[2] Carson, D.A. Disponível em: Análise da carta de Hebreus (aula 3)
[3] Grudem, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2011.

Sobre o autor: Rafael Moraes Bezerra é formado em Direito pela UFJF; mestre no programa Master of Divinity pela EPPIBA (Escola de Pastores da Primeira Igreja Batista de Atibaia) em parceria com a TLI (Training Leaders International); Pastor auxiliar da Primeira Igreja Batista em Ubá/MG


Fonte: Bereianos

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