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domingo, 18 de março de 2018

Cinco formas de encher a sua igreja

por Rafael de Lima

O evangelicalismo pós-moderno tem sido marcado por inúmeras características, a maior parte delas, desastrosas. Numa corrida desenfreada em busca de “crescimento”, e este, pretendendo demonstrar poderio, riqueza, fartura material, etc., muitos têm se aplicado em desenvolver fórmulas ou adotado outras já existentes afim de que o seu grupo se multiplique instantaneamente.

Questões como doutrina, espiritualidade sadia, conhecimento teológico, comunhão verdadeira, adoração genuína, etc., estão num plano insignificante para estes grupos. Os números são mais importantes. Números em termos de membros, em termos de finanças, em termos de congregações.

A todos aqueles que desejam encher suas igrejas a qualquer custo, abrindo mão de toda espiritualidade sadia e da pregação genuína do evangelho, adote as dicas abaixo, faça sua congregação inchar e abrace os inúmeros problemas que tal crescimento trará.

 v  Adote a Teologia da Prosperidade: As pessoas estão ávidas em terem os seus egos massageados. Fale a elas que serão ricas e saudáveis, que terão seus problemas resolvidos. Fale a elas que a sua congregação é o lugar da benção e que ao entrar ali pararão de sofrer. Certo pastor, prosélito desta medíocre teologia, afirmou: “Em minha igreja não prego sobre o inferno nem sobre o pecado, meus membros têm muitos problemas para que eu acrescente estes outros!”. Sabe qual o resultado da concepção deste “pastor”? Uma mega igreja, abarrotada de pessoas.

 v  Implante a “Visão” Celular: Antes de discorrer a cerca deste ponto, vale a ressalva de que o trabalho feito em pequenos grupos não é de todo mau, quando realizado por pessoas capacitadas e com o foco correto, todavia não é o que normalmente se tem percebido.

Há alguns anos atrás, quando o Movimento do G12 começou a ser implantado no Brasil, sofrendo influência direta de movimentos semelhantes na Coreia do Sul e Colômbia, muitos dos que abraçaram tal concepção a dispuseram como sendo a “visão de Deus”, não apenas mais uma visão, estratégia ou concepção, mas a única e correta forma de trabalho a que toda igreja deveria se adequar. O resultado de tais movimentos (que hoje são tantos: G12, M12 e todos os outros “dozes”) são atualmente muitíssimo claro, seria redundante relembrar quanto de pensamento controvertido e heresia surgiu no seio de tais grupos.

Todavia, o que se percebe com clareza é que tal “visão” proporciona um inchaço imponente nas congregações que o adotam, desta forma, se o seu intuito é fazer sua congregação crescer a qualquer custo, implante a famigerada “visão celular dos 12” em sua igreja. Divida sua congregação em células, disponha líder sobre elas, e não apenas isto, incite a concorrência e a rivalidade entre tais líderes e respectivos grupos, transforme o ato de propagar o evangelho num tipo de “gincana gospel”, crie gritos de guerra para cada célula, camisas e logotipos. Conceda prêmios aos que obtiverem maior crescimento. Sem dúvida, dentro de pouco tempo, sua igreja estará superlotada, todavia, esteja certo de que tal crescimento trará inúmeros problemas em termos de desconhecimento teológico e de deformação do caráter espiritual de seus membros.

 v  Transforme o culto jovem em uma casa de show: Se deseja que sua igreja tenha muitos jovens pense como a maioria dos líderes: “Os jovens precisam de entretenimento, afinal são jovens!”. Transforme o culto da juventude num tipo de show gospel, reserve 90% do “culto” para que os jovens descarreguem suas energias: pular, gritar, correr, dançar... isso é o importante! Preencha todo o horário com música, peça, dança, filmes... e, quem sabe, reserve, 10 minutinhos para a leitura de um texto bíblico. Agindo assim, sem dúvidas, você terá uma igreja repleta de jovens. É relevante citar a reflexão que o Pr. Paul Washer fez em um de seus sermões: “A igreja usa meios carnais para atrair pessoas carnais”. Tais jovens estarão ali por todo entretenimento que você estará oferecendo, mas não estarão pelo que Cristo os oferece.

 v  Transforme a reunião de homens e mulheres em palestras de autoajuda: Não apenas os jovens, mas os homens e mulheres de sua igreja também precisam de um trabalho específico. Transforme as reuniões destes em grupos de autoajuda. Ensine a eles a como lidar com o stress do dia a dia, a como gerir sua empresa, a como dominar os seus filhos. Como já mencionado, eles não precisam de sermões que tratem do inferno nem de seus pecados, afinal o seu dia a dia já é muito cansativo e atordoante para que a igreja trate de assuntos ainda mais perturbadores. Todavia, esteja certo, de que de Deus não se zomba (Gl 6:7) e de que o julgamento de Deus sobre você, que, como líder, age assim, será ainda mais rigoroso (Tg 3:1).

Por fim, ditas tantas formas equivocadas de como se encher uma igreja, fica a pergunta: Qual o padrão bíblico para o crescimento verdadeiro de uma igreja? Prefiro manter silêncio e deixar que o médico Lucas nos responda, grifo apenas algumas expressões que penso serem palavras-chave do texto:

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar (At 2:42-47 – ACF)[1].


Notas


[1] A versão utilizada neste artigo é a Almeida Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.


Imagem: Google

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